No Dia do Trabalhador deste ano ocorreu algo inusitado. Sobravam barraquinhas, bandeiras, espaços, faltavam apenas pessoas. O esperado megaevento tornou-se um “mico”. Na linguagem popular, extraída das redes sociais, o ato organizado pelas centrais sindicais “flopou”, ou seja, foi um verdadeiro fiasco, um fracasso mostrado em todas as redes e alguns órgãos de imprensa.

O Ministro Márcio Macedo tentou amenizar o fracasso dizendo que não é “papel do Governo mobilizar atos”. O Presidente da República, por sua vez, em vez de fazer uma autocrítica das razões de sua baixa popularidade, entendeu, como é de seu perfil, por colocar a culpa na falha convocação do ato e justificar que “não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar…”

Apenas para um balizamento, o ex-presidente Jair Bolsonaro, utilizando somente as redes sociais, levou milhares de pessoas às ruas nos atos por ele convocado, sem shows ou mortadelas, evidenciando a sua popularidade.

Segundo o “Monitor do Debate Político”, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, o evento contou com a presença de míseras 1. 635 (um mil, seiscentos e trinta e cinco) pessoas, havendo uma margem de erro de 12% (doze por cento).

O diminuto número de participantes reacendeu ironias nas mídias sociais, com os seguintes comentários indagativos: Shows não são suficientes? A presença de Lula não é suficiente? Faltou pão com mortadela ou não houve “caixinha” para que as pessoas comparecessem?

Fato é que o governo Lula está perdendo sua popularidade. A rejeição vem aumentando sobremaneira, a ponto de em um evento no qual o Presidente teve suas origens políticas ter se tornado escárnio e sinônimo de fiasco e reprovação.

Como se não bastasse, o Presidente desrespeitou a Lei Eleitoral ao clamar votos para Boulos, o que configura, em tese, crime eleitoral.

Sabe-se que nenhum governante se mantém com a impopularidade. A voz e o desejo do povo ecoam no Congresso Nacional. Temos exemplos recentes em nossa sofrida Democracia, o impeachment dos ex-presidentes Collor de Melo e Dilma Roussef, outrora defenestrados do cargo de representantes maior da nação por crimes de responsabilidades.

E não se diga, como dito pelo atual Presidente, que houve um golpe no processo de impeachment mais recente, pois o procedimento seguiu os ditames previstos no ordenamento jurídico pátrio.

Não obstante a crescente impopularidade do atual mandatário, o chefe de governo e estado apresenta certo descaso para com as casas congressuais. O Presidente, após não conseguir articular o cancelamento da desoneração das folhas de pagamentos de municípios e setores da economia que mais geram emprego em nosso país, recorreu ao Supremo Tribunal Federal para fins de seu intento.

Esqueceu-se o Presidente que as casas legislativas são compostas pelos representantes do povo e que, passar por cima delas, significa calar a voz popular. Não se governa através de decisões judiciais, mas com o apoio da população e dos seus representantes.

Talvez a “flopada” do evento do Dia do Trabalhador seja reflexo não apenas da impopularidade do atual Presidente, mas de seu descaso com os anseios populares.

Que o “mico” vivenciado sirva de lição.

Tenho dito!!!

Bady Curi Neto, advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e professor universitário

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