BBB 21 é cenário de cancelamentos e intrigas
A cultura do cancelamento segue em voga dentro e fora das plataformas das redes sociais, em que tudo é altamente instável. A prática deste comportamento pode ter impactos não só na saúde mental, mas também financeira das pessoas. No caso do Big Brother Brasil, pessoas que são julgadas por agir com incoerência frente ao que pregam são crucificadas tanto no universo online, quanto por parceiros financeiros, acarretando em quebras de contrato e boicotes.
Para o médico psiquiatra Bruno Brandão, uma pessoa que transmite uma mensagem de forma infeliz ou erra em algum comportamento não deve receber julgamentos pelo resto da vida, pois essas falhas são comuns no ser humano. “Todos nós somos passíveis de erros, e colocar essas pessoas como as piores do mundo não é certo”.
O especialista ainda afirma que a cultura do cancelamento colabora para as pessoas acreditarem que podem fazer justiça com as próprias mãos. “Quem está de fora passa a agir como se estivesse lá dentro, e começa a cobrar posturas dos outros, que se não forem seguidas, deverá ser excluída, diante dos julgamentos. Dessa forma, fica evidente que a intolerância, comportamento bem típico na internet, pode até mesmo adoecer as pessoas, pois quando saírem do reality, não imaginam o que vão receber no mundo externo, visto que já foram julgadas e canceladas das mais variadas formas”.
Para Bruno, nem presencialmente é possível conhecermos o outro por completo. “Deveríamos praticar o hábito de julgar menos as pessoas. Todo mundo erra, e entender isso é importante para não acabar fazendo más interpretações em determinadas situações. Não podemos definir uma pessoa por uma frase mal colocada ou um comportamento inadequado”, afirma.
Cuidados com os comportamentos tóxicos e imorais
O especialista destaca que situações nas quais prevalece o desrespeito, a falta de educação, a intolerância e até mesmo preconceitos devem ser tratadas com cautela, pois nesses casos podem ser desvios psíquicos que as pessoas enfrentam, e um tratamento médico é a melhor opção. “Muitos no reality podem aprender com os erros, e perceber que esses comportamentos que foram tóxicos e imorais não devem ser reproduzidos aqui fora. Mas, cancelar uma pessoa só porque ela faz algo que você não concorda não é certo. Devem ser avaliadas as falas, o contexto e os motivos, antes de apedrejar quem quer que seja. Essa análise é crucial para sabermos diferenciar o que é uma atitude isolada e o que pode ser um desvio moral de comportamento”, conclui Brandão.
Fonte: Bruno Brandão, médico psiquiatra. Possui título de especialista em psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP. Especialização em dependência química pela unidade de álcool e drogas pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP (@brunopsiquiatra).
Leave a Reply